CONSTRUINDO ASAS PARA VOAR

Apesar do tratamento do lúpus ter mudado bastante ao longo dos anos o progresso nos parece lento e inadequado. Muitos pacientes ainda possuem muitos sintomas mesmo com tratamento adequado. Com índices de qualidade de vida (medidos por escalas apropriadas) muitos semelhantes aos pacientes com doença pulmonar grave e câncer. Ou seja, é inegável que os paciente com lúpus estão vivendo mais, mas ainda assim, não estão vivendo melhor. E o Reumatologista, muitas vezes, sente que deveria estar “fazendo mais” por seu paciente.
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Uma das formas de melhorar isso é o desenvolvimento de novas medicações. Mas enquanto aguardamos elas chegarem nós “quebramos a cabeça” para encontrar “novas formas” de usar os medicamentos disponíveis. Quando temos chance, nosso “novo alvo” são as menores doses das medicações, especialmente os corticoides.
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Há mais de 50 anos usamos basicamente o mesmo arsenal terapêutico para tratar o lúpus. Realidade bem diferente da artrite reumatoide, por exemplo. A hidroxicloroquina, azatioprina e ciclofosfamida, que persistem como o principal pilar do tratamento do lúpus grave e da nefrite lúpica, estão nesse time. Sem esquecer é claro dos corticoides, que apesar de todos efeitos colaterais indesejáveis, são a chave do tratamento e sobrevivência de muitos casos da doença. O micofenolato de mofetil, usado principalmente para nefrite, é usado por aqui há 14 anos. O único imunobiológico e último a ser aprovado, em 2013, foi o Belimumabe. Mas após a “comoção inicial”, entendeu-se que ele não é para todos. Atendendo a um perfil específico de pacientes e não indicado para casos de nefrite ativa grave ou de lúpus ativo grave do sistema nervoso central.
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Estudar novas drogas no lúpus não é uma tarefa fácil já que se trata de uma doença tão diferente em cada paciente. Mas os estudos persistem e apesar de muitos não chegarem aos resultados por vezes esperados. É nos “erros” cometidos que se encontram novos caminhos a seguir. Hoje temos mais de 500 estudos sobre tratamento para lúpus acontecendo, segundo site clinicaltrials.gov. Nunca se estudou tanto sobre lúpus! Aguardamos ansiosos e esperançosos!