INIBIDORES DA CHECKPOINT E O REUMATOLOGISTA

Na luta contra o câncer a imunoterapia é uma novidade bem vinda e que pode ser crucial no tratamento de certos tumores. São medicamentos que “colocam o sistema imunológico do paciente para combater o câncer”. Mas, como qualquer medicação, eles podem causar alguns efeitos colaterais indesejáveis, incluindo alguns reumatológicos.


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As células tumorais são “bem espertinhas” e se “camuflam” para que nosso sistema imune não perceba que elas já não estão agindo normalmente. E se não bastasse isso, ainda produzem substâncias que podem suprimi-lo. Quando temos um antígeno estranho persistentemente nos “irritando” (infecção crônica, células tumorais) nossas células imunes trabalham exaustivamente para tentar destruir esses invasores. Mas nem sempre conseguem... E para controlar um “inflamação desenfreada” e que pode nos causar sérios danos (mais que o próprio invasor) e para que células “cansadas” e que já não trabalham direto sejam eliminadas, ele mesmo vai se “auto-desligando”. E ficando “tolerantes” ao inimigo. 


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As células tumorais, por exemplo, possuem locais para ligação de proteínas dos linfócitos T chamadas checkpoints. E essa ligação pode “desligar” a resposta imune. E o que os super medicamentos antitumorais inibidores de checkpoint fazem é bloquear essa ligação, ou seja, colocar “todo mundo para jogo” de novo. Espertinhos esses cientistas... ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Mas, isso pode dar uma “bagunçada na ordem natural das coisas”. E em alguns casos quando essas células exaustas de trabalhar são “obrigadas” a voltar a ativa elas podem começar a atacar não só o tumor, mas partes do próprio indivíduos, causando a autoimunidade... E isso pode afetar praticamente qualquer órgão do corpo, além de desencadear doenças e sintomas reumatológicos como: miopatia, vasculites, artrites, síndrome sicca, polimialgia reumática e esclerodermia, por exemplo. A depender da gravidade do quadro o Reumatologista dá uma ajudinha para o Oncologista e poderá tratar as manifestações com corticosteroides, imunossupressores ou mesmo em casos mais raros e graves a suspensão do medicamento.

 

Foto capa: Linfócitos T ao redor de uma célula tumoral (Ritter A, Schwartz JL, Griffiths G, NCI, NIH).

Fonte: LEONARD H. CALABRESE, CASSANDRA CALABRESE & LAURA C. CAPPELLI.Rheumatic immune-related adverse events from cancer immunotherapy. Nature reviews, 2018.