FRATURA ATÍPICA E NECROSE DE MANDÍBULA POR BIFOSFONADO

A proteção conferida contra as fraturas devido a osteoporose com o uso dos bifosfonados é muito bem estabelecida em diversos estudos “de peso” e com uma incidência de efeitos adversos muito semelhante ao placebo. O problema é que casos de efeitos colaterais sérios no pós-marketing (ou seja, na vida real) causaram uma série de discussões pelo mundo sobre sua a segurança. Inclusive com um “médico” estrela das redes sociais reverberando o seguinte slogan “Seu remédio para osteoporose quebra seus ossos!”. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
Vamos aos fatos quanto a dois potenciais efeitos colaterais preocupantes:
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 Fratura atípica de fêmur: são fraturas diferentes das osteoporóticas clássicas (mecanismo de lesão, localização e configuração da fratura). Sim, elas são relatadas. MAS SÃO RARÍSSIMAS! Os principais fatores de risco seriam:  uso prolongado do bifosfonado, ascendência asiática, artrite reumatoide, uso de corticoide por mais de 6 meses e vitamina D baixa.
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 Osteonecrose de mandíbula: mais encontrado nos pacientes oncológicos que recebem doses frequentes de bifosfonados EV. Já nos pacientes com osteoporose esse problema é bem raro (até 1 em ‪100.0000‬). O principal fator é sem dúvida a má conservação dos dentes e procedimentos odontológicos mais invasivos.
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Recomenda-se após 5 anos do uso do alendronato, risedronato ou ibandronato e após 3 anos do ácido zolendônico que seja feita uma avaliação do tratamento. Caso o risco de fratura ainda seja muito alto pode-se mudar o tratamento, já se for baixo pode-se considerar umas férias dos bifosfonados, ficando “de olho” no paciente durante esse período. Embora os avanços em biologia óssea tenham nos trazido novas medicações, as opções ainda são poucas e os bifosfonados ainda são nossos agentes de primeira linha. E para cada 1000 mulheres tratadas por 3 anos previne-se 100 FRATURAS PELA OSTEOPOROSE com apenas 0,08 fraturas atípicas pela droga!

 

Ou seja, muito fácil pegar um dado real, porém muito raro e “tocar o terror” na população. Difícil mesmo é estudar e trabalhar com o que temos disponível com ética e responsabilidade.