FAN

As dúvidas a cerca do exame de sangue FAN, fator antinuclear, seguem “firme e fortes” e infelizmente os pacientes com FAN positivo são rotulados por muitos como automaticamente reumatológicos. Para tentar explicar costumo compará-lo a uma pintura...
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No exame do FAN mistura-se o sangue do paciente a um corante fluorescente que marcará os anticorpos contra estruturas celulares que por ventura estejam nesse sangue - nossa tinta! Esse sangue é então colocado em contato com uma célula cultivada em laboratório que é “bem grandona” para facilitar a visualização de suas estruturas ao microscópio - a tela do quadro. Caso o sangue do paciente contenha anticorpos contra alguma estrutura da célula estes irão se fixar nelas, tornando-as fluorescentes! Então uma pessoa especializada analisa essa célula no microscópio e a depender do “desenho que ela vê na tela”, o local da célula que corou e o quão forte ficou a “pintura” ele lauda o exame! 


Acontece que existem desenhos, os padrões, relacionados a anticorpos encontrados em doenças específicas - como se fossem pinturas de um pintor realmente famoso. Como, por exemplo, o padrão homogêneo que está relacionado a anticorpos do lúpus. E existem desenhos que se relacionam a anticorpos sem nenhuma relevância clínica - tela de pintores amadores. Como, por exemplo, o padrão nuclear pontilhado fino denso que pode ser encontrado em pessoas sem nenhuma doença. Além disso “pinturas mais fortes”, ou seja, títulos moderados (1/160 e 1/320) e elevados (≥ 1/640) estão mais relacionados a doenças autoimunes. Já os indivíduos sadios tendem a apresentar baixos títulos (1/80). Mas é claro... exceções de ambos os lados existem! 


Então à partir da tela que nos é apresentada... um Monet...um van Gogh... E o quão “forte” ela é, podemos fazer a associação, ou não, com a presença de alguns autoanticorpos. E, especialmente, quando o paciente dono do quadro possui sinais relevantes em sua história clínica podemos solicitar exames adicionais que identificarão individualmente esses anticorpos para complementar nosso diagnóstico. A Reumatologia é uma arte, mas o Reumatologista é definitivamente um detetive!