A TEORIA DO TRIEIRO DA VACA

Os mecanismos pelos quais nosso sistema nervoso passa a gerar dor de forma contínua e amplificada, a chamada dor crônica, são bem complexos. E quando a causa dessa dor já não é mais visível nós nos perguntamos: Como é possível algo continuar doendo se não existe mais estímulo doloroso? Como é difícil entender o “ciclo vicioso da dor”, onde dor gera dor que gera mais dor... ㅤㅤ


As áreas relacionadas à dor no sistema nervoso são ativadas inicialmente por estímulos dolorosos externos. Mas são distúrbio em sua percepção e processamento que podem perpetua-la. E aí temos um bando de neurotransmissores, vias sensitivas e áreas cerebrais que participam desse processo. Mas como explicar algo que nem nós mesmos compreendemos totalmente? Bem, temos por aqui a teoria do “trieiro” da vaca.  ㅤ
Começamos imaginando as áreas relacionadas ao processamento da dor em nosso cérebro como um grande campo verde vedado (pasto alto). Eis que por algum motivo várias vacas, os estímulos dolorosos, passam a ocupar e perambular por esse campo. Dentro de pouco tempo formam-se caminhos, ou “trieiros”, já que as vaquinhas (e a dor) passam quase sempre pelos mesmos lugares. Nesse caminho o pasto vai morrendo, e depois de algum tempo só temos terra dura. E mesmo que as vacas parem de passar por lá, o trieiro já está formado. Ou seja, mesmo sem que exista mais o estímulo doloroso ou se ele for mínimo o “caminho da dor” já está formado.

 

E como apagar esse trieiro? Eles podem ser muitos e o trabalho ser lento e difícil... Mas vamos lá!  


 Fechem bem a porteira! Tratar de forma apropriada a CAUSA da dor é muito importante. Ou seja, apenas amenizar com analgésicos é como deixar a porteira entreaberta, ajuda, mas não bane de vez as vacas.


 Pegue sua enxada e vamos revolver essa terra! As terapias físicas de reabilitação (exercícios, por exemplo) e as terapias psicológicas e comportamentais “quebram” a terra dura.


 Vamos adubar e plantar grama nova! Em ALGUNS casos a terra pede um adubo, medicamentos antidepressivos e anticonvulsivantes, podem ajudar no processo de cura “regularizando” neurotransmissores e conexões cerebrais. Já pensamento positivo e a persistência vão garantir tempo firme!