E vamos falar sobre auto-hemoterapia. Para muitos (mas não todos...) é extremamente óbvio que se trata de uma forma prática e rápida de se ganhar um dim-dim. Afinal só precisamos de 3 coisas: uma boa capacidade de persuasão, uma seringa e o sangue da pobre vítima. A auto-hemoterapia parece ter surgido em meados de 1910, com o médico Francois Ravaout que tentava tratar casos de febre tifoide. Uma época realmente desesperadora onde não havia tratamento para nada, nem os antibióticos existiam ainda.
ㅤㅤㅤ
Seus defensores a vendem como sendo um “...procedimento simples, natural, personalizado, sem drogas ou fármacos que usa o seu próprio sangue como estimulante e/ou controlador do sistema imunitário...”. Gostei particularmente do final. Ou seja, seu próprio sangue é super inteligente, caso você precise de um estímulo na imunidade, para uma infecção por exemplo, ele potencializa seu sistema imunológico. Agora, se você tem uma doença autoimune, ele fará exatamente o contrário, uma regulação na imunidade! Mas primeiro, é claro, você teria que tirar ele, colocar em uma seringa e injetar em você de novo ! Ah e se “temperar” ele com ozônio aí a coisa ficaria ainda mais fantástica!*
*Esse parágrafo contém ironia.
ㅤㅤㅤ
Bem, vamos aos fatos! A auto-hemoterapia não faz nada além de gerar um belo hematoma no local da aplicação que pode ser visível ou não na pele. Seu pobre sistema imunológico, já tão atarefado, pacientemente vai removendo tudo aquilo. Ou seja, células imunes são recrutadas ao local sim, assim como quando você leva um soco.
Mas isso não “aumenta ou diminui” seu sistema imune. Ah, e não me venha com artigos com meia dúzia de ratinhos ou casos sem condução metodológica e sem relevância científica. Já passamos dessa fase! E cuidado se nada disso te convencer, saiba que existe risco de infecção grave já que essa técnica pode levar para dentro de você bactérias advindas da sua pele ou materiais contaminados. Quer tirar seu sangue e usá-lo par algo nobre? Doe sangue! Isso sim pode salvar vidas!
